A celebração do Dia do Senhor no domingo, em vez do sábado, é uma prática consolidada na tradição cristã desde os tempos apostólicos. Essa mudança está fundamentada tanto na ressurreição de Jesus Cristo, que ocorreu no primeiro dia da semana, quanto no entendimento teológico do cumprimento da Antiga Aliança na Nova Aliança.

Antigo Testamento

No Antigo Testamento, o sábado (sétimo dia) foi instituído como um dia de descanso e santificação, conforme ordenado nos Dez Mandamentos: 

Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra” (Êxodo 20,8-10)

Esse mandamento fazia parte da Lei dada a Israel, apontando para o descanso de Deus na criação (Gênesis 2,2-3) e simbolizando o pacto de Deus com o povo judeu. No entanto, com a ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana (Mateus 28,1; Marcos 16,2; Lucas 24,1; João 20,1), os primeiros cristãos passaram a adotar o domingo como o novo Dia do Senhor, pois nele se manifestou a vitória definitiva sobre o pecado e a morte.

Novo Testamento

O Novo Testamento indica que os apóstolos e os primeiros discípulos passaram a se reunir no domingo para o culto e a celebração da Eucaristia. Em Atos dos Apóstolos, lemos:

No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a palavra até a meia-noite (Atos 20,7)

Além disso, em 1Coríntios 16,2, Paulo instrui os fiéis a separarem ofertas no primeiro dia da semana, sugerindo que era o dia habitual de culto e reunião da igreja primitiva. O próprio apóstolo João faz referência ao “Dia do Senhor” em Apocalipse 1,10:

Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta.

Tradição

A tradição da Igreja também reforçou essa prática ao longo dos séculos. Os Pais da Igreja, como Inácio de Antioquia (†107 d.C.), já testemunhavam a observância do domingo como o dia cristão de adoração. No Concílio de Laodiceia (século IV), formalizou-se a prática do domingo como o dia de culto oficial da Igreja.

A nova aliança

Teologicamente, o domingo representa a nova criação, a vitória de Cristo e a redenção do homem. Enquanto o sábado apontava para o descanso da criação e a antiga aliança, o domingo simboliza a nova vida em Cristo e a consumação do plano divino na ressurreição. Assim, os cristãos não veem o domingo como uma mera substituição do sábado, mas como o cumprimento espiritual e escatológico do propósito divino para a humanidade.

Conclusão

A tradição cristã celebra o Dia do Senhor no domingo porque ele marca a ressurreição de Cristo e a nova realidade inaugurada por seu triunfo sobre a morte. Essa prática, fundamentada nas Escrituras e na tradição apostólica, permanece um dos pilares da identidade cristã até os dias de hoje.

(Artigo elaborado com o auxílio de inteligência artificial)